DOCES imagens, algumas fotos tiradas por mim, meus desabafos "poéticos"...Tb de pessoas amigas compartilhados na Net ou por elas enviados...Necessidade de COMUNICAÇÃO...essencialmente.

5.12.06

Como era diferente naquele tempo!!!
O NATAL DA MINHA INFÂNCIA


Não havia conhecimento de outras realidades nem televisivas nem reais para se conseguir comparar.
Mas na época natalícia, época fria, naquela lombada trasmontana não havia árvore de Natal, pois esse costume ainda não tinha sido introduzido, aquando da minha infância...Nem luz eléctrica muito menos luzinhas de Natal, salvo as velas que punham na igreja junto ao presépio, onde o Menino Jesus era colocado destacadamente. A seu lado nossa Senhora e S. José, com a vaca e o burrinho na rectaguarda e muitas outra figuras de barro sobre aquele musgo natural, o pastor, as ovelhas, os Reis Magos....Como achava interessante aquele presépio da igreja da minha aldeia!!!
Em casa já havia quem fizesse também mas mais pequenino e com pequenas figurinhas. Alguns somente, pois nem todos tinham dinheiro para as comprar na cidade mais próxima essas imagens. Valia pela festa comunitária que a Mocidade fazia.
Desde o dia 24 à noite que se ouvia o som da gaita de foles e o toque de bombos e caixas, anunciando aos rapazes solteiros a partir dos 13/14 anos que teriam dois dias de festa rija pela frente.O religioso e o profano misturavam-se pois, numa amálgama de tradições e emoção...Mesmo agora festejam por lá «As festas da mocidade».Apenas os homens...Ainda!!! Mas as raparigas já fazem convívio semelhante na noite da passagem de ano desde há anos para cá.
Mas a minha maior ansiedade virava-se, não tanto para a ceia especial com batatas, couves, bacalhau e polvo cozidos, acrescidos de muita doçaria: filhós rabanadas e aletria ou arroz doce. A minha preocupação virava-se especialmente para o facto de a casa onde vivia não ter chaminé. Não havia ali o hábito e a fantasia do Pai Natal. Quem deixaria algo nos sapatinhos era o Menino Jesus que entraria pela chaminé. Na falta dessa bem olhava a ver qual seria o buraco da casa onde o Menino podia entrar. Que ansiedade!!! E os sapatos lá ficavam...E os mais velhos deixavam-nos dormir para colocarem lá uns rebuçados, pois que era já motivo de grande festa naquele mundo e naquela época. E nem se dormia calmamente a ver se tinhamos sido ou não comtemplados. E valia o calor da lareira...e o carinho que pai, mãe ou irmãos mais velhos e que pareciam ter mais tempo para o demonstrar naquela época de festas.

Eu invejava era o Menino Jesus da Igreja...à beira do qual havia um prato para as pessoas colocarem dinheiro ou outros presentes, tão simples, tão diferentes dos da sociedade de consumo da actualidade.
Mas era feliz. Não conhecia outros mundos nem a minha fantasia tinha arquétimos que me levassem mais longe em voo de sonhos e esperanças...
Que diferença ....conto eu a meus filhos. Será que eles conseguem imaginar de como era mesmo? E quem sempre viveu em outros mundos, considerados mais desenvolvidos, será capaz também?


M.T.Fernandes

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